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segunda-feira, 26 de maio de 2014

E aí: vamos nos comunicar?

Por Ricardo Wagner – comunicador popular pela Obas

Recebidos com uma breve chuva, a equipe de comunicação da Obas realizou entre os dias 22 e 23 de maio, em Aroeiras , comunidade a 27 km de Aracati, a Oficina sobre Comunicação como Direito: módulo fotografia.

A proposta foi uma reinvindicação das agricultoras Eliane e Maria, que haviam participado de um intercâmbio no ano passado, para conhecer as implementações das cisternas de 2ª Água, do Programa 1 Terra e 2 Águas, do Ministério do Desenvolvimento Social – MDS em parceria com a ASA – Articulação do Semiárido.  “Eu levei minha máquina pra fazer as fotos das cisternas, das paisagens. Mas as fotos ficavam tudo tremida. Daí eu fiquei aperreando o pessoal da Obas até que a gente conseguiu marcar essa oficina aqui em Aroeiras”, disse toda feliz dona Eliane.
Mas a oficina foi aberta a todas as pessoas, sem distinção de faixa etária. O objetivo foi tratar a comunicação como direito, trazendo conceitos baseados no Artigo 19, alertando sobre o direito à informação e como construir estratégias de acesso a esses direitos através da comunicação.

Dona Maria e dona Eliane, claro, não deixaram de ir. Pela manhã, foram apresentados alguns instrumentos de comunicação (apitos, panfletos, celulares, cartilhas, cd’s, programas de rádio, etc.), seguido de debate sobre os acontecimentos atuais as manifestações populares e a copa do mundo. As pessoas opinaram sobre a criminalização da juventude e a falta de acesso às informações sobre políticas públicas para os jovens.
“Aqui a gente não tem muito o que fazer”, comentou Ewerton Senna, 17 anos. “Pra gente se divertir, só se encontrando no banco do poste”. O citado banco é feito do tronco de uma carnaúba, e fica debaixo de um poste que ilumina um trecho da comunidade. “É lá que a gente se reúne, mas não temos um grupo assim, organizado. A gente já dançou quadrilha e temos até o nome: Tiquim de tudo”, completou Maurício Luan.

Um debate sobre o Estatuto da Juventude foi sugerido para o próximo encontro, como forma de iniciar a organização do grupo, e todxs concordaram.

No módulo sobre fotografia, o comunicador popular Thiago Ramalho trouxe um elemento lúdico à oficina: a Câmera escura. Feita de uma caixa de papelão e outros materiais simples, o objeto despertou, num primeiro momento, dúvida sobre sua eficácia. As pessoas foram para o terreiro observar a paisagem dirigindo a pequena caixa para um ponto e olhando através dela. As reações foram bastante interessantes, típicas das descobertas. A história da fotografia foi apresentada em vídeo e técnicas básicas de utilização de equipamentos fotográficos enriqueceram a oficina. 


















Como não podia deixar de acontecer, a turma saiu pela comunidade para registrar cenas pitorescas. Munidos de máquinas e celulares, a turma pode fotografar a paisagem, os animais e o pôr do sol na barragem, cercada por carnaúbas.  
Foi hora de por em prática os conceitos sobre luz e sombra, enquadramento, o que se quer fotografar, flagrantes, movimentos entre outras técnicas.
Os “selfies” predominaram, com as mais variadas poses.
 Esse povo é criativo!


À noite, o pátio da igreja foi palco da apresentação de curtas sobre agroecologia, onde pudemos montar um verdadeiro cinema. As pessoas foram chegando com suas cadeiras e não faltou a pipoca, distribuída numa imensa panela. A sessão teve início com o curta-metragem Coragem é um dom, que faz parte da coletânea Curta Agroecologia. Após a exibição, pudemos fazer um pequeno debate sobre as identificações com o tema do filme, e o que as pessoas observaram. A protagonista teve destaque nas falas, evidenciando o papel da mulher no contexto social como fundamental nas conquistas da comunidade. Em seguida, um filme de comédia cearense encerrou a noite.

Na manhã do dia seguinte, a turma confeccionou um estandarte para fortalecer e oficializar o nome do grupo. O Tiquim de Tudo começa a tomar forma. Como programado, conceitos práticos de edição de fotos foram apresentados, como aplicativos para celulares e programas de computador.
A energia das pessoas da comunidade Aroeiras impressiona. 
Certamente, muitas ações edificantes virão por aí. 

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