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quarta-feira, 21 de maio de 2014

Agricultora dá sua opinião sobre o III ENA


Agricultora do Sítio Congo, em Limoeiro do Norte, dona Socorro Gomes já está acostumada a participar de intercâmbios e outros eventos. Leia o que ela disse sobre agroecologia:

Dona Socorro, como a agroecologia entrou na sua vida?
Eu já participei de muitas reuniões de sindicato, de organizações... Minha vida é muito movimentada. De uns tempos pra cá, ouvi falar em agroecologia. Aliás, na minha comunidade tem muita gente que já ouviu falar na agroecologia. Mas é muito difícil a gente convencer esse pessoal a não usar o veneno, porque eles ficam vendo as fazendas grandes colocando veneno e ganhando muito dinheiro. Mas quando a gente vê o resultado do veneno na nossa saúde, a gente fica com uma preocupação danada.

Que tipo de preocupação a senhora tem?
Oh... Ver aqueles filmes mostrando o veneno sendo colocado na terra e as pessoas ficando doentes. Como é que a gente não se comove? Ai, meu Deus! E não é só as pessoas que morrem. Tem os animais, as plantas... A terra fica fraca..

O que mudou na sua forma de plantar, depois que ouviu falar em agroecologia?
A primeira coisa que eu fiz foi não queimar mais o mato. O pessoal ficava me chamando de suja, porque eu deixava as folhas lá. Eu levei muito nome de preguiçosa. No começo eu ficava com uma raiva! Mas agora, eu nem ligo! Eu sei que a gente ainda come coisa envenenada, porque a gente se obriga a comprar coisa dos outros. Mas do que eu planto, você pode ter certeza que não tem nada com veneno!

A senhora acha que tem algum jeito de mudar a opinião dessas pessoas pra não usar mais veneno?
Eu sei que é difícil, mas já tem muita coisa mudando. O pessoal que trabalha com isso é muito dedicado. Os sindicatos, as ong's tem tido um trabalho danado. Mas eu acho que os encontros e os intercâmbios são muito bons pra fazer com que o povo veja as coisas. Acho muito bom quando a Obas faz os intercâmbios e leva uns filmes pra gente assistir, porque só a gente falando lá na comunidade, as pessoas não acreditam. É aquela história: santo de casa não faz milagre!

Que importância um evento como o III ENA tem pra senhora?
Ah... Primeiro a gente vê que não tá sozinha, que tem muita gente que sonha as mesmas coisas que a gente. Quando eu vejo sementes que eu nem sabia que existia, fico muito agradecida porque se não fosse aqui, eu nunca ia conhecer. Acho que tem que acontecer mais vezes pra ficar trazendo sempre mais gente pro nosso lado, pra que mesmo as pessoas que não plantam saibam que o que a gente faz é bom pra todo mundo.

Das oficinas que a senhora participou, teve alguma que lhe chamou mais atenção?
Sim. Eu participei da oficina sobre educação no campo. É muito importante que a juventude tenha esse direito. No meu tempo não era assim, mas que bom que os próprios jovens estão se movimentando e buscando continuar nas suas terras. A gente ainda vai ouvir falar muito em agroecologia, porque tem muito rapaz e muita moça lutando por isso.


O III ENA - Encontro Nacional de Agroecologia, aconteceu de 16 a 19 de maio de 2014, em Juazeiro/BA.

por Ricardo Wagner - comunicador popular pela Obas


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