Gracinha dá as boas vindas aos/as participantes |
“Ter duas cisternas em casa, uma pra beber e outra pra
plantar, é uma bênção”, Carlos Alberto Silva – Jucazeiro - Aratuba.
Ainda cobertos por uma névoa que se estendia por toda a serra
de Aratuba, agricultoras e agricultores partiram em viagem para a comunidade de
Caatingueirinha, em Potiretama, no Vale do Jaguaribe, nos dias 20 e 21 de maio.
Uma oportunidade para conhecer experiências agroecológicas de outras famílias
que são beneficiadas pelo programa de cisternas de placas. O intercâmbio foi
acompanhado pela equipe do Banco do Nordeste, composta por Salomão Lelis (gerente
de Produtos e Serviços - Direção Geral), Jeania Gomes (gerente executiva de Desenvolvimento
Territorial – Superintendência/CE), Tuyna Fontenele (assessora de comunicação),
Carlos Henrique Pitombeira e Francisco Henrique Dias (agentes de
desenvolvimento), que financiou a construção de 1.113 cisternas de 1ª água e
138 de 2ª água no município de Aratuba, onde a Obas é a instituição responsável
pela construção.
Após serem recebidos com um delicioso almoço na casa da
Gracinha e seu Luís, fomos para a capela local, onde moradoras e moradores
fizeram uma mística de boas vindas. Depoimentos comoventes sobre as mudanças
nas vidas das pessoas preencheram o espaço de muita alegria e satisfação. “Como
filha de produtor rural e conhecedora da realidade do semiárido, não dá pra não
me emocionar ouvindo as histórias dessas famílias lutadoras, que comprovam que
é possível mudar essas realidades quando se tem condições de plantar, quando se
tem tecnologias que beneficiam a comunidade”, diz Jeania Gomes, com a voz
embargada.
Visitando os canteiros
Autonomia na hora de plantar e o que plantar
Gracinha fala do seu quintal produtivo
|
Todo mundo estava curioso pra saber como as famílias de
Caatingueirinha mantinham seus plantios, já que a região tem sofrido bastante
com a escassez de chuvas. “Aqui não está fácil. As chuvas não foram
suficientes. Mas a gente sempre experimenta novas formas de economizar água e
reaproveitar. E assim, com a cisterna calçadão, a gente consegue esticar por
mais tempo e diminuir o sofrimento das plantas e dos animais”, diz Gracinha.
Autonomia na hora de plantar e o que plantar
Visitando a Casa de Sementes de Caatingueirinha -Potiretama/CE |
A casa de sementes também despertou a curiosidade dos visitantes.
“A gente chama de casa porque é um nome mais acolhedor. Com muito sacrifício e
com o apoio do Banco do Nordeste, a gente ergueu este espaço em mutirão, o que
faz com que todo mundo dê ainda mais valor, porque ela é nossa e porque mantém
muita riqueza aqui, através das sementes que a gente preserva”, conta Gracinha.
Ela ainda falou sobre a importância de se guardar as sementes crioulas para que
as espécies não fiquem nas mãos do agronegócio. Os jovens foram citados como
importantes agentes transformadores na perspectiva da convivência com o
semiárido, já que a participação da juventude na comunidade se dá nos aspectos
culturais e políticos, ocupando espaços de discussão de melhorias e aplicações
de práticas agroecológicas, por exemplo.
Luta e resistência
Seu Beto (comunidade Jucazeiro/Aratuba) troca ideias com dona Fátima (Bixopá/Limoeiro) |
Dona Santa resgata memórias das lutas comunitárias |
Seu Edmilson (camisa rosa) recebe dicas do seu Paulo, de Aratuba |
A visita de campo foi ainda mais interessante porque os
agricultores de Aratuba demonstraram como realizam seus plantios, dando dicas
práticas de contenção da água nos canteiros, receitas caseiras de defensivos
naturais e também de como preparar o solo.
“Essa aula que a gente tem com outros agricultores serve
demais porque a gente aprende que não é preciso usar veneno nem botar fogo.
Quanto mais a gente conhece o jeito de plantar, mais a gente melhora a
produção. Acho que se todo mundo tiver oportunidade de conhecer o que outras
pessoas estão fazendo por aí, ninguém vai passar dificuldade”, disse sorridente
o agricultor Beto, da comunidade Jucazeiro, em Aratuba.
Os intercâmbios comprovam que o conhecimento científico unido
ao saber popular ganham força se somados e multiplicados. É a agroecologia
transformando mentes e o mundo.
Saiba mais
O Programa de
Cisternas do Banco do Nordeste está presente nos municípios de Aratuba, Palmácia,
Pacajus, Granjeiro e Altaneira, levando duas tecnologias de captação e armazenamento
de água da chuva: a cisterna de 1ª e 2ª água.
|
Ricardo Wagner –
comunicador popular Obas/FCVSA
Nenhum comentário:
Postar um comentário