Integrante do MAB grita palavras de ordem: "Mulheres, água e energia não são mercadoria!" |
Com o anfiteatro do Campus da Liberdade lotado, a Unilab
(Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira),
através da Intesol (Incubadora Tecnológica de Economia Solidária), realizou no
dia 30 de abril, um evento em alusão ao Dia do Trabalho, com o tema “O Maciço
que queremos a participação que precisamos”.
Grupo Samba de Rosas abrilhantando o evento |
Estudantes, lideranças sindicais, professoras e professores,
representações de Ong’s, artesãs, agricultoras e agricultores receberam as boas
vindas da profª Clébia Freitas, coordenadora do Intesol, e em seguida puderam
prestigiar o grupo Samba de Rosas, que trouxe música de qualidade, percorrendo
repertórios de Clementina de Jesus, Adoniram Barbosa entre outras.
Trabalhadoras homenageadas |
“Pra mudar a sociedade do jeito que a gente quer
Participando sem medo de ser mulher”
Dona Terezinha (Colegiado Territorial do Maciço) foi homenageada |
Dona Terezinha fundou o Comitê Territorial de
Mulheres do Maciço de Baturité, que conta com 23 mulheres, sendo o único no
Estado do Ceará. “A Unilab é muito importante para a educação e para o Maciço.
A gente consegue dialogar melhor com outras instituições quando a gente tem o
apoio das universidades”, comentou dona Terezinha.
Reitor Tomaz Mota dá as boas vindas |
A mesa para o debate foi composta pelo Magnífico Reitor da
Unilab, Tomaz Mota, Teresinha Ricardo da Silva (Colegiado Territorial do Maciço
de Baturité); profª Rafaela Pessoa (Pró-reitora Arte e Cultura - Unilab);
Antonio Ricardo (CUT); prof. George Paulino (UFC), e a profª Clébia Freitas
(Intesol).
A pró-reitora Rafaela Pessoa lembrou a luta histórica das
mulheres, que hoje possibilita que outras mulheres possam ingressar na
universidade e desenvolver diversas atividades antes tidas como exclusivamente
masculinas. Além disso, a professora citou a importância do debate que a Unilab
traz, promovendo a participação da academia e da comunidade.
Trabalho, extensão rural, mulheres e africanidades foram
alguns temas citados pelo reitor Tomaz Mota, fazendo referência ao trabalho
agrícola como invenção feminina, perpassando pela herança africana na fé
(citando o Candomblé como exemplo em que as entidades em sua maioria são
femininas) denotando o cuidado com a natureza e com as pessoas. “É preciso ter
o compromisso de superar esse legado tão ruim de hierarquias raciais”, disse o
reitor, lembrando que isso impede que a humanidade avance por caminhos que
levam a igualdade e justiça social.
Antonio Ricardo (CUT), profª Clébia Freitas (Intesol) e prof. George Paulino (UFC) |
"Venturas e desventuras de uma conjuntura atual”. Com essa frase
provocativa, o sociólogo e professor da UFC, George Paulino, fez uma reflexão
do que ocorre hoje em nosso país a partir de aspectos trazidos pela grande
mídia, cuja análise deveria ser, segundo o professor, mais “psicanalítica do
que política”, com polêmicas geradas por pedidos pela volta da ditadura militar,
avanço da ultra direita, transferência da responsabilidade das questões
ambientais para a população, dentre outros. Pontos positivos também foram
citados pelo professor, como a redução da pobreza no país segundo o PNUD. Mesmo
com a limitação de tempo, o professor George conseguiu elencar dados sobre
educação, homologação das terras indígenas, avanço do agronegócio, utilização
de agrotóxicos, negligência com os biomas caatinga e cerrado... Certamente
elementos para tornar o debate rico não faltaram.
Pontuar dados do maciço e qualificá-los entre as ações
realizadas pela Intesol foi tarefa da profª Clébia Freitas, que lembrou a
fragilidade das organizações da sociedade civil na região, mas que o empenho e
os caminhos têm sido percorridos com o apoio de várias instituições. A
professora lembrou que “é preciso desenvolver consciência política para se
situar no maciço em que estamos como forma de garantir a
participação da população nas tomadas de decisões”.
Entrevendo o aspecto histórico do Brasil e suas leis, Antonio
Ricardo (secretário de Combate ao Racismo da CUT), lembrou os 72 anos da
consolidação das leis do trabalho, do período de Getúlio Vargas e as mudanças
de até então. Ele fez um breve resgate histórico desde o período de colonização
do Brasil, a exploração de mulheres e homens negros pela escravidão, etc.
Fortalecer o diálogo e unir o conhecimento científico ao
saber popular: estratégia que permite avançarmos por dias melhores.
Parabéns às pessoas trabalhadoras!
Saiba +
- O Maciço de
Baturité é composto por 13 municípios e hoje tem aproximadamente 264 mil
habitantes;
- A Unilab chegou
em Redenção em 2010 e conta com mais de 800 alunos;
- São doze
instituições da sociedade civil atuando no Maciço;
- O evento teve o
apoio da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Proex (Pró-Reitoria de
Extensão Arte e Cultura);
- Estiveram
presentes: CUT, MAB. MST, Via Campesina, Obas, Cetra, representantes de STTR’s
do Maciço de Baturité.
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Texto e fotos: Ricardo Wagner – Comunicador popular pela Obas/ASA
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