Claudenê Lima - Elo Amigo - conversando com participantes da formação |
“NOSSO
DIREITO VEM, NOSSO DIREITO VEM
SE
NÃO VIR NOSSO DIREITO, O BRASIL PERDE TAMBÉM”
Quem
nunca viu, ao chegar numa casa no interior, a dona da casa aproveitar a água que
lavou a louça para aguar as bananeiras ao lado da cozinha?
Sim...
Ainda hoje essa prática é comum, mesmo nas famílias que já possuem cisternas de
primeira e segunda água. Isso comprova que as agricultoras e agricultores são
eternos experimentadores, que seus saberes se somam e se aprimoram com outras
tecnologias alternativas.
Para
nossa alegria, a Obas começou a trabalhar com o Projeto de construção coletiva
de reuso das águas, transformando os olhares para a convivência com o
semiárido. Serão 40 sistemas de reuso a serem implementados em Russas, Pereiro,
Ocara, Limoeiro do Norte, Chorozinho e Pacajus.
Durante
três dias, as famílias participaram de uma capacitação sobre a construção,
manejo e benefícios da tecnologia social. E esse momento contou com a
generosidade de dona Angélica, da comunidade Pau Pereira, em Chorozinho, que
nos acolheu junto com sua família.
O
coordenador e técnico de campo do Elo Amigo, Claudenê Lima Sousa conduziu a formação
trazendo sua experiência e paixão pelo projeto, fortalecendo o nosso
entendimento do quão é importante ouvirmos as vivências de quem povoa o
semiárido. Segundo Claudenei, “A gente
ainda não conseguiu se planejar pra não desperdiçar tantos alimentos. O
excedente da nossa produção muitas vezes se estraga, vai pro lixo. Será que a
gente sabe aproveitar os alimentos?” Ele sugeriu técnicas de congelamento das
frutas na forma de polpa e capacitação em beneficiamento de doces, polpas,
sucos, geléias, etc. como alternativas a esse desperdício.
Técnicos e agricultores trabalham em mutirão |
“Já
temos o desejo e agora temos a chance de produzir com qualidade”. A frase é do
seu Jeová Portela, da comunidade Bolas de Cima, em Chorozinho. Assim como
outras agricultoras e agricultores, seu Jeová não perde o otimismo quando se
trata de promover o bem viver no sertão. Ele também arrisca dizer que “precisamos
nos planejar para não desperdiçar a água usada. Não é porque agora tá chovendo
bem que a gente deve esmorecer. A consciência pelo bom uso da água tem que ser
pra sempre”.
Pedreiros montam o tanque receptor da água cinza |
E
é claro que esses dias de convívio também foram de muitas risadas e conversa ao
redor de uma fogueira, em que uma lua tímida só resolveu aparecer bem tarde. O
que não impediu que pudéssemos ouvir de dona Angélica a história da comunidade
e um pouco sobre sua vida. Em sua fala, ela disse que “tem gente que pensa na
agricultura familiar só em produzir pra venda, mas pra mim é pro sustento da
minha família. Eu me preocupo com um alimento saudável. E se sobrar é que a
gente vende. Mas eu faço mesmo é distribuir com os vizinhos e as pessoas que
chegam aqui!”.
A
interatividade não era só entre as famílias recebedoras da tecnologia, mas
também com os pedreiros. Um dos momentos primordiais foi exatamente a execução
da construção, onde todas as pessoas puderam conferir cada etapa do projeto.
Agricultoras observam atentas a construção do minhocário |
Agora
é aguardar a conclusão das construções com a certeza de que é mais uma
tecnologia a serviço do bem viver com o semiárido.
São tecnologias de convivência com o semiárido e são estas tecnologias que precisam ser implantas nas comunidades rurais trazendo benefícios e qualidade de vida e boa alimentaçao. Que organizações como esta possa olhar para nossos aagricultores/as. Parabéns a Obas por esta iniciativa.
ResponderExcluirIsso mesmo, Angélica. As transformações se dão a partir do entendimento de que é preciso unir os saberes e promover a convivência com o semiárido. Sigamos. Há braços...
Excluir