Na última sexta (11), a Unilab -
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira abriu
suas portas para receber a comunidade dos treze municípios do Maciço de
Baturité, para o Seminário das Águas, promovido pelo Comitê do Maciço.
Segundo Silvanar Soares, um dos
organizadores do evento, "é preciso que nós seres humanos, bebedores de
água, tenhamos consciência e responsabilidade na sua gestão. Há anos a gente
traz essa discussão sobre a poluição e degradação que vem sofrendo as fontes de
água e pouco se tem feito. É um jogo de empurrar as responsabilidades, e
infelizmente a gente vive à beira de um conflito sobre o abastecimento de
água", lamentou.
Apresentação do vídeo - Depoimentos de Silvanar e Dedé |
Professora Marciana Barbosa apresenta dados sobre as bacias hidrográficas |
Uma das palestrantes convidadas, a profª
Marciana Barbosa, que faz parte da Cogerh, apontou em gráficos as
realidades dos açudes do nosso Estado, fazendo um recorte para os impactos
ambientais na Bacia de Pacajus. A professora apresentou os níveis de
armazenamento que não são animadores. Ela lembrou que "infelizmente
ainda temos a cultura de que podemos utilizar a água sem pensar no desperdício"
e que "o tratamento que é aplicado hoje não dá conta de tratar a água
completamente". Também foi um momento de falar sobre
"eutrofização", que é o processo de excesso de vegetação que nasce no
leito dos rios, que prejudica a qualidade da água. Foi um momento bastante
enriquecedor.
A secretária do STTR de Baturité, Eridan,
trouxe suas preocupações com os recursos hídricos como a aplicação de
agrotóxicos na comunidade Jucá, o assoreamento do Rio Choró dentre outros
crimes ambientais. Ela sugeriu que fosse feito um documento de denúncia ao
Ministério Público.
Isabel e Ana Maria, agentes Cáritas apresentam as campanhas |
Continuando a programação, a Cáritas
divulgou a Campanha da Fraternidade 2016, e também lançou a campanha permanente
- Água nossa de cada dia. As agentes Cáritas Ana Maria de Freitas e Isabel
Cristina, apresentaram e distribuíram cartazes para que sejam amplamente
divulgados em escolas, associações e vários locais públicos, com o objetivo de
informar de forma simples e direta como
estão sendo tratados os mananciais de água em nosso Estado. Ana Maria lembrou
que a "casa comum, citada na Campanha da Fraternidade, é sobre a nossa
responsabilidade com o todo, que transcende a casa, a rua, e se espalha por
onde há vida, e como ela deve ser cuidada e preservada”.
Professora e Antropóloga, Jaqueline Pólvora, da Unilab |
Seguindo com o ciclo de debates, foi a vez
da antropóloga e professora da Unilab, Jaqueline Pólvora, trazer seu olhar
sobre o que ocorre em diferentes partes do mundo quando se trata de
gerenciamento dos recursos hídricos. A professora citou as pesquisas na área de
saneamento, contextualizando o nordeste e a escassez de água, contrapondo ao
sul e a abundância. Com esse mote, foi possível perceber que diante das adversidades,
as formas se modificam, se adaptam, se reconstroem. Jaqueline ressaltou o
"drama ecológico, onde rios e açudes de modo geral são assoreados ou
utilizados como esgoto" e provocou: "A água serve da mesma forma pra
todo mundo?"
Apresentação do curta "Água e Leguminosas", produzido pela Obas |
É preciso que tenhamos em vista as
dimensões do quanto estamos desleixados com a natureza e tomemos atitudes
urgentes, porque a água como direito está perdendo espaço para a água como
mercadoria.
Ricardo Wagner – comunicador popular pela Obas
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